IVA FRANÇA
Sou Iva França, brasileira, Mestra em Literatura Portuguesa e doutoranda em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos na Universidade do Porto. Vejo a vida com imenso entusiasmo, com desejo sempre de inovar e de conhecer pessoas. Amo PALAVRAS, escrevo poesias desde muito jovem e agora inicio nessa aventura dos contos.
MILADY LOLA
Toda história, a lenda, era um truque, o refúgio de meus anseios. Toda ação, das mais desvairadas e insanas, as inconsequentes, às mais sutis e febris, tomei por gosto. Enfim, o verbo, pautando em cada caminho morno, um tanto levou de meu valor. Querer cuspir no chão de cada dia para refrescar o
pisar, limando o certo, galgando cada degrau da culpa já me bastava. Mas soltei as amarras, despi-me mais uma vez. Noutro dia, aquelas nuvens cinzas encheram meu dia de cor, porque estavam aqui dentro de meu íntimo como um dia bonito e o ontem já não incomodava.
Parto deixando as lembranças entocadas nos cantos que um dia me pareceu feliz: a luz, os discos na vitrola embalando Chopin, a mesa de canto amparando toneladas de guimbas de cigarros, uns do bem outros traiçoeiros, deliberadamente, livros espalhados, uma doce bebida e teu rosto tranquilo sem nenhuma culpa. A tua casa fria Lola, apaguei dos folhetins. Se um dia voltarmos a nos encontrar, não saberei pronunciar teu nome. Tua face rosada decerto irá apagar aos poucos, quando as rugas tomarão conta das lembranças pouca memória conseguirei retirar de mim. Não costumo sofrer para sempre, o sempre acabará diluindo-se ao vento do tempo. Sou hoje um ser resignado.
– Nunca imaginei que Frédéric tivesse sofrido tanto, disse Lola agarrada à cadela mimi.
– Muito hipócrita da parte dele depois de tê-la traído com tua irmã? – Resmungava mamã Artlelê, sua fiel amiga.
Na penúltima vez que Lola e Frédéric se encontraram por acaso estavam nos montes de Santorini a bebericar um vermout. Ela apaixonada não conseguia perceber as constantes escapadelas daquele charmoso francês. A descoberta da traição mais cruel a deixou fora de si e o troco veio bem mais tarde, quando naquele instante de tempo, o moço já estava aos seus pés. Não foi fácil para ela fazê-lo experimentar o amargor da traição, mas Lola o fez de forma contundente, articulando um plano de ser flagrada com Leonardo, o melhor amigo dele, aquele considerado meio irmão. Em seguida partiu pra nunca mais voltar à Santorini. Agora por carta Frédéric desponta sua tristeza, sua melancolia e sua dor.
– Milady, vejo que choras. Disse Artlelê. – Ele não merece um centavo de suas lágrimas. Recolha-as e vamos dançar.
– Eu sei, mas não foi nada fácil descobrir a traição, principalmente por ter sido com a Clara.
– Vocês duas foram vítimas dele, então o que você fez ainda foi pouco. Não acha?
– Amo e odeio por mim e por Clara. – Quando Clara conheceu Fred, ele já a conhecia por fotografia e mesmo assim desistiu de conquistá-la. Clara é a mulher mais atraente e charmosa que as praias da região já puderam apreciar. Lola descobriu o romance dos dois e acreditou que a irmã soubesse que Frédéric era o seu namorado, mas não, ele as enganou.
Ao limiar deste novo tempo Lola sossega o coração e aguarda a chegada da irmã. Foram longos meses de espera para abraçá-la, afinal Santorini e Frédéric ficaram para trás. O que Lola quer agora é ficar em casa...
Sou Iva França, brasileira, Mestra em Literatura Portuguesa e doutoranda em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos na Universidade do Porto. Vejo a vida com imenso entusiasmo, com desejo sempre de inovar e de conhecer pessoas. Amo PALAVRAS, escrevo poesias desde muito jovem e agora inicio nessa aventura dos contos.
Toda história, a lenda, era um truque, o refúgio de meus anseios. Toda ação, das mais desvairadas e insanas, as inconsequentes, às mais sutis e febris, tomei por gosto. Enfim, o verbo, pautando em cada caminho morno, um tanto levou de meu valor. Querer cuspir no chão de cada dia para refrescar o
pisar, limando o certo, galgando cada degrau da culpa já me bastava. Mas soltei as amarras, despi-me mais uma vez. Noutro dia, aquelas nuvens cinzas encheram meu dia de cor, porque estavam aqui dentro de meu íntimo como um dia bonito e o ontem já não incomodava.
Parto deixando as lembranças entocadas nos cantos que um dia me pareceu feliz: a luz, os discos na vitrola embalando Chopin, a mesa de canto amparando toneladas de guimbas de cigarros, uns do bem outros traiçoeiros, deliberadamente, livros espalhados, uma doce bebida e teu rosto tranquilo sem nenhuma culpa. A tua casa fria Lola, apaguei dos folhetins. Se um dia voltarmos a nos encontrar, não saberei pronunciar teu nome. Tua face rosada decerto irá apagar aos poucos, quando as rugas tomarão conta das lembranças pouca memória conseguirei retirar de mim. Não costumo sofrer para sempre, o sempre acabará diluindo-se ao vento do tempo. Sou hoje um ser resignado.
– Nunca imaginei que Frédéric tivesse sofrido tanto, disse Lola agarrada à cadela mimi.
– Muito hipócrita da parte dele depois de tê-la traído com tua irmã? – Resmungava mamã Artlelê, sua fiel amiga.
Na penúltima vez que Lola e Frédéric se encontraram por acaso estavam nos montes de Santorini a bebericar um vermout. Ela apaixonada não conseguia perceber as constantes escapadelas daquele charmoso francês. A descoberta da traição mais cruel a deixou fora de si e o troco veio bem mais tarde, quando naquele instante de tempo, o moço já estava aos seus pés. Não foi fácil para ela fazê-lo experimentar o amargor da traição, mas Lola o fez de forma contundente, articulando um plano de ser flagrada com Leonardo, o melhor amigo dele, aquele considerado meio irmão. Em seguida partiu pra nunca mais voltar à Santorini. Agora por carta Frédéric desponta sua tristeza, sua melancolia e sua dor.
– Milady, vejo que choras. Disse Artlelê. – Ele não merece um centavo de suas lágrimas. Recolha-as e vamos dançar.
– Eu sei, mas não foi nada fácil descobrir a traição, principalmente por ter sido com a Clara.
– Vocês duas foram vítimas dele, então o que você fez ainda foi pouco. Não acha?
– Amo e odeio por mim e por Clara. – Quando Clara conheceu Fred, ele já a conhecia por fotografia e mesmo assim desistiu de conquistá-la. Clara é a mulher mais atraente e charmosa que as praias da região já puderam apreciar. Lola descobriu o romance dos dois e acreditou que a irmã soubesse que Frédéric era o seu namorado, mas não, ele as enganou.
Ao limiar deste novo tempo Lola sossega o coração e aguarda a chegada da irmã. Foram longos meses de espera para abraçá-la, afinal Santorini e Frédéric ficaram para trás. O que Lola quer agora é ficar em casa...
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