A. RABELLO
Engenheiro, nascido no estado do Rio de Janeiro, dedicou-se por muito tempo à profissão realizando inúmeras obras de engenharia para o setor público e setor privado. Desempenhou, por vários anos, cargos técnicos e gerenciais numa empresa de economia mista do governo sendo agraciado com a “Medalha de Honra ao Mérito” por bons serviços prestados. Viajou por vários países onde teve a oportunidade de conhecer os costumes e hábitos de seus habitantes, o que lhe valeu uma enorme experiência de vida. Atualmente exerce sua profissão gerenciando uma empresa de comércio exterior.
Enfim chegou o grande dia. Macedo acordou bem cedo e tomou um café da manhã bem farto. Confirmou que o traje estava pronto, os sapatos brilhando como espelho, as alianças em lugar visível para que não fossem esquecidas. Telefonou para seus padrinhos, na dúvida resolveu lembrar que deveriam estar na igreja as 17:30, e também para a locadora do Dodge Dart que contratara para levar sua querida Eleninha para a Igreja Matriz que ficava em frente a uma pracinha onde finalmente seu
sonho se realizaria.
Há muito planejara o casamento. Primeiro escolheu a data: o dia de seu aniversário. Sim, porque este era o melhor presente que poderia receber. Escolheu também a Igreja Matriz, a mais pomposa da cidade, o buffet de Dona Madalena, que fazia os melhores salgadinhos do lugar e o bolo de Dona Clarinda, lindo, com três andares, confeitado com um glacê branquinho com gostinho de limão e enfeitado com noivinhos e pombinhas, as bebidas – a champanhe não poderia faltar - e os convites, distribuídos com dois meses de antecedência para garantir que os convidados reservariam a data e estariam lá para prestigiar o grande evento.
Tudo pronto, foi para a barbearia do Seu Tinoco, para fazer a barba, o cabelo, o bigode e as unhas da mão e do pé. Afinal, tinha que estar nos trinques.
Às dezessete horas em ponto estava pronto, impecável, e se dirigiu para a Igreja para esperar os convidados e sua amada Eleninha.
Os convidados chegavam e os minutos passavam. O relógio bateu dezoito horas e Eleninha não havia chegado. Normal, pensou Macedo. Toda noiva atrasa. O relógio bateu 18:30, 19:00 e Eleninha não chegava. O Padre já estava suando, reclamando e ameaçando multar a noiva pelo atraso, os convidados impacientes e com fome, ansiosos pelos salgadinhos de Dona Madalena.
Finalmente o Dodge Dart apontou na esquina, se aproximou e estacionou na porta da igreja. Dentro dele, Eleninha chorava agarrada à um envelope, se recusava a descer do carro.
Macedo, os pais, os padrinhos e convidados e, até mesmo, o pobre do Padre que iria fazer a cerimônia ficaram estupefatos com aquele procedimento de Eleninha sem saber o que faziam.
O pai de Eleninha, que ia leva-la para o altar, debruçado sobre a porta entre aberta do carro, lhe pedia incessantemente para parar de chorar e sair do carro pois todos na Igreja estavam anciosos para ver o casamento acontecer. Qual nada, Eleninha em prantos permanecia no banco de trás do carro sem dar qualquer explicação por que estava agarrada aquela carta.
Olha, nem mesmo Macedo conseguiu fazê-la sair daquele carro Nupcial. O Padre, por sua vez, já queria encerrar a cerimônia sem celebrar o casamento e precisou que os padrinhos e os convidados fizessem um apelo para Ele tentar convencer Eleninha de fazer acontecer a cerimônia. Sem outro jeito o Padre muito gentilmente acatou o apelo da massa que não se aguentava mais de fome, e se dirigiu até o Dodge Dart nupcial acompanhado de toda a comitiva e falou para Eleninha: - minha filha, se queres manter o matrimônio com o seu namorado que está te aguardando no altar, pare de chorar e vamos continuar a cerimônia, porém, se quiseres desistir devido o conteúdo que contém essa carta que estás agarrada fale e não me escondas nada pois, entenderei as tuas razões.
Eleninha, surpresa com as palavras do Padre e vendo a multidão dos padrinhos, convidados e de transeuntes em volta do Dodge Dart e até dos fotógrafos contratados que não paravam de bater fotos e gravar vídeos de cada movimento que acontecia pegou a carta com as mãos e a rasgou em pedacinhos e colocou dentro do vestido entre os seios e, com isso, parou de chorar e resolveu sair do veículo nupcial recepcionada pelo pai que lhe estendeu a mão. Diante disso, a multidão começou a aplaudir com palpas e gritaria, em côro, com o nome da Eleninha, Eleninha, Eleninha vai casar !!!!. Alguns convidados, mais afoitos, já estavam filmando os acontecimentos para colocar e divulgar no facebook como aconteceu com o Juliano, amigo da família do noivo que vibrava com aquela reportagem que obteve. Um grupinho de convidados, durante o vai não vai, fizeram até uma aposta valendo 50 pratas cada um de qual seria o desfecho daquela novela, ou seja, se a noiva iria casar ou iria desistir do casamento.
A cerimônia do casamento foi “sui generis” pois, a noiva acompanhada do pai entrou na Igreja, como acontece, de braço com a filha, e no corredor entapetado com as laterais das cadeiras decoradas com flores, e toda a corriola que estava lá fora vendo o desfecho da situação foi atrás da noiva procurando lugares para se posicionar. Os fotógrafos coitados, tiveram que contornar a Igreja, por fora, para poder chegar na frente e obter algumas fotos e vídeos da noiva e de seu pai. A música, característica de casamento escolhida pela noiva previamente, só foi começar quando a noiva já estava sendo entregue ao Macedo que todo risonho beijou a mão de Eleninha. Os padrinhos somente chegaram no altar da Igreja depois desse fato, mas, mesmo assim, ainda puderam ver o casal já ajoelhado ouvindo aquelas mensagens do Padre; aquelas de viver juntos para sempre e ...
Durante a ladainha do casamento aquela do senta levanta, senta levanta, os convidados se perguntavam o que deveria estar escrito naquela carta que fez a Eleninha chorar tanto e ficar indecisa no casório. Uns comentavam com seu parceiro, outros com a pessoa do lado, que aquela carta era de um namorado antigo que buscava a reconciliação, outros comentavam sobre virgindade perdida, outros comentavam na traição do Macedo na despedida do casório enfim, a maioria dos convidados não participaram das entranhas do casamento devido a curiosidade para descobrirem o que havia escrito naquela carta que foi rasgada pela Eleninha, antes de se decidir casar.
Enfim, o casamento aconteceu !!! Macedo colocou a aliança no dedo da Eleninha, muito rapidamente com medo dela aprontar outra cena grotesca como aconteceu, tão logo o Padre terminou de benzer as alianças e entrega-las a ele sem mesmo haver aquela cerimônia convencional. Enquanto Macedo colocava a aliança no dedo de Eleninha, aturdido com tudo que tinha acontecido, esqueceu aquela mensagem, “eu prometo ser fiel etc e tal...”, para falar com a noiva nesse momento e, como não se lembrava resolveu prometer mundos e fundos para que sejam felizes para sempre. Mal a Eleninha colocou a aliança no seu dedo se virou para a sua amada, segurou o rosto dela e lhe deu um beijo impetuoso o que fez com que o baton de Eleninha marcasse todo os lábios de Macedo escorrendo pelo seu queixo e manchando toda aquela camisa branca que vestia. O Padre, por sua vez, vendo tudo aquilo ficou estupefato e declarou com voz trêmula: - vocês estão casados.
Os convidados que já estavam cheios de permanecerem alí naquela cerimônia, que de cerimônia nada tinha, por mais de três horas e esfomeados, nem se diga, bateram palmas durante alguns minutos e nem se preocuparam em ver a saída do casal de braços dados por aquele corredor entapetado, por onde a noiva entrou. A música que toca quando termina a cerimônia em todo casamento tocou realmente mas parou na primeira estrofe, não se sabe por que !!! Não se sabe, também, mas dizem, as mais línguas, que o próximo casamento que deveria acontecer o Padre foi substituído, as pressas, por um outro sacerdote, devido exaustão que lhe acometia.
A exceção dos padrinhos e dos pais dos casados que enfileirados deram os parabéns ao casal, os demais convidados se dirigiram diretamente para o salão dos comes e bebes que em menos de meia hora nada mais havia no buffet de Dona Madalena pois tudo foi devorado pelos convidados. A maioria dos convidados deixaram o salão nem mesmo se despedindo do casal. A cerimônia do corte do bolo, teve que que ser antecipada devido ao receio dos pais da noiva de não ter mais convidados para celebrar. Mas, mesmo assim, a festa de casamento aconteceu e terminou com o casal, pais dos noivos e padrinhos felizes.
O que não se sabe até hoje é o que continha naquela carta que Eleninha a tinha dentro de seu vestido no dia do casamento e nem mesmo foi dito a Macedo, por mais que ele perguntasse.
Engenheiro, nascido no estado do Rio de Janeiro, dedicou-se por muito tempo à profissão realizando inúmeras obras de engenharia para o setor público e setor privado. Desempenhou, por vários anos, cargos técnicos e gerenciais numa empresa de economia mista do governo sendo agraciado com a “Medalha de Honra ao Mérito” por bons serviços prestados. Viajou por vários países onde teve a oportunidade de conhecer os costumes e hábitos de seus habitantes, o que lhe valeu uma enorme experiência de vida. Atualmente exerce sua profissão gerenciando uma empresa de comércio exterior.
QUE VIDA DIFÍCIL
- O SEGREDO DE ELENINHA -
Enfim chegou o grande dia. Macedo acordou bem cedo e tomou um café da manhã bem farto. Confirmou que o traje estava pronto, os sapatos brilhando como espelho, as alianças em lugar visível para que não fossem esquecidas. Telefonou para seus padrinhos, na dúvida resolveu lembrar que deveriam estar na igreja as 17:30, e também para a locadora do Dodge Dart que contratara para levar sua querida Eleninha para a Igreja Matriz que ficava em frente a uma pracinha onde finalmente seu
sonho se realizaria.
Há muito planejara o casamento. Primeiro escolheu a data: o dia de seu aniversário. Sim, porque este era o melhor presente que poderia receber. Escolheu também a Igreja Matriz, a mais pomposa da cidade, o buffet de Dona Madalena, que fazia os melhores salgadinhos do lugar e o bolo de Dona Clarinda, lindo, com três andares, confeitado com um glacê branquinho com gostinho de limão e enfeitado com noivinhos e pombinhas, as bebidas – a champanhe não poderia faltar - e os convites, distribuídos com dois meses de antecedência para garantir que os convidados reservariam a data e estariam lá para prestigiar o grande evento.
Tudo pronto, foi para a barbearia do Seu Tinoco, para fazer a barba, o cabelo, o bigode e as unhas da mão e do pé. Afinal, tinha que estar nos trinques.
Às dezessete horas em ponto estava pronto, impecável, e se dirigiu para a Igreja para esperar os convidados e sua amada Eleninha.
Os convidados chegavam e os minutos passavam. O relógio bateu dezoito horas e Eleninha não havia chegado. Normal, pensou Macedo. Toda noiva atrasa. O relógio bateu 18:30, 19:00 e Eleninha não chegava. O Padre já estava suando, reclamando e ameaçando multar a noiva pelo atraso, os convidados impacientes e com fome, ansiosos pelos salgadinhos de Dona Madalena.
Finalmente o Dodge Dart apontou na esquina, se aproximou e estacionou na porta da igreja. Dentro dele, Eleninha chorava agarrada à um envelope, se recusava a descer do carro.
Macedo, os pais, os padrinhos e convidados e, até mesmo, o pobre do Padre que iria fazer a cerimônia ficaram estupefatos com aquele procedimento de Eleninha sem saber o que faziam.
O pai de Eleninha, que ia leva-la para o altar, debruçado sobre a porta entre aberta do carro, lhe pedia incessantemente para parar de chorar e sair do carro pois todos na Igreja estavam anciosos para ver o casamento acontecer. Qual nada, Eleninha em prantos permanecia no banco de trás do carro sem dar qualquer explicação por que estava agarrada aquela carta.
Olha, nem mesmo Macedo conseguiu fazê-la sair daquele carro Nupcial. O Padre, por sua vez, já queria encerrar a cerimônia sem celebrar o casamento e precisou que os padrinhos e os convidados fizessem um apelo para Ele tentar convencer Eleninha de fazer acontecer a cerimônia. Sem outro jeito o Padre muito gentilmente acatou o apelo da massa que não se aguentava mais de fome, e se dirigiu até o Dodge Dart nupcial acompanhado de toda a comitiva e falou para Eleninha: - minha filha, se queres manter o matrimônio com o seu namorado que está te aguardando no altar, pare de chorar e vamos continuar a cerimônia, porém, se quiseres desistir devido o conteúdo que contém essa carta que estás agarrada fale e não me escondas nada pois, entenderei as tuas razões.
Eleninha, surpresa com as palavras do Padre e vendo a multidão dos padrinhos, convidados e de transeuntes em volta do Dodge Dart e até dos fotógrafos contratados que não paravam de bater fotos e gravar vídeos de cada movimento que acontecia pegou a carta com as mãos e a rasgou em pedacinhos e colocou dentro do vestido entre os seios e, com isso, parou de chorar e resolveu sair do veículo nupcial recepcionada pelo pai que lhe estendeu a mão. Diante disso, a multidão começou a aplaudir com palpas e gritaria, em côro, com o nome da Eleninha, Eleninha, Eleninha vai casar !!!!. Alguns convidados, mais afoitos, já estavam filmando os acontecimentos para colocar e divulgar no facebook como aconteceu com o Juliano, amigo da família do noivo que vibrava com aquela reportagem que obteve. Um grupinho de convidados, durante o vai não vai, fizeram até uma aposta valendo 50 pratas cada um de qual seria o desfecho daquela novela, ou seja, se a noiva iria casar ou iria desistir do casamento.
A cerimônia do casamento foi “sui generis” pois, a noiva acompanhada do pai entrou na Igreja, como acontece, de braço com a filha, e no corredor entapetado com as laterais das cadeiras decoradas com flores, e toda a corriola que estava lá fora vendo o desfecho da situação foi atrás da noiva procurando lugares para se posicionar. Os fotógrafos coitados, tiveram que contornar a Igreja, por fora, para poder chegar na frente e obter algumas fotos e vídeos da noiva e de seu pai. A música, característica de casamento escolhida pela noiva previamente, só foi começar quando a noiva já estava sendo entregue ao Macedo que todo risonho beijou a mão de Eleninha. Os padrinhos somente chegaram no altar da Igreja depois desse fato, mas, mesmo assim, ainda puderam ver o casal já ajoelhado ouvindo aquelas mensagens do Padre; aquelas de viver juntos para sempre e ...
Durante a ladainha do casamento aquela do senta levanta, senta levanta, os convidados se perguntavam o que deveria estar escrito naquela carta que fez a Eleninha chorar tanto e ficar indecisa no casório. Uns comentavam com seu parceiro, outros com a pessoa do lado, que aquela carta era de um namorado antigo que buscava a reconciliação, outros comentavam sobre virgindade perdida, outros comentavam na traição do Macedo na despedida do casório enfim, a maioria dos convidados não participaram das entranhas do casamento devido a curiosidade para descobrirem o que havia escrito naquela carta que foi rasgada pela Eleninha, antes de se decidir casar.
Enfim, o casamento aconteceu !!! Macedo colocou a aliança no dedo da Eleninha, muito rapidamente com medo dela aprontar outra cena grotesca como aconteceu, tão logo o Padre terminou de benzer as alianças e entrega-las a ele sem mesmo haver aquela cerimônia convencional. Enquanto Macedo colocava a aliança no dedo de Eleninha, aturdido com tudo que tinha acontecido, esqueceu aquela mensagem, “eu prometo ser fiel etc e tal...”, para falar com a noiva nesse momento e, como não se lembrava resolveu prometer mundos e fundos para que sejam felizes para sempre. Mal a Eleninha colocou a aliança no seu dedo se virou para a sua amada, segurou o rosto dela e lhe deu um beijo impetuoso o que fez com que o baton de Eleninha marcasse todo os lábios de Macedo escorrendo pelo seu queixo e manchando toda aquela camisa branca que vestia. O Padre, por sua vez, vendo tudo aquilo ficou estupefato e declarou com voz trêmula: - vocês estão casados.
Os convidados que já estavam cheios de permanecerem alí naquela cerimônia, que de cerimônia nada tinha, por mais de três horas e esfomeados, nem se diga, bateram palmas durante alguns minutos e nem se preocuparam em ver a saída do casal de braços dados por aquele corredor entapetado, por onde a noiva entrou. A música que toca quando termina a cerimônia em todo casamento tocou realmente mas parou na primeira estrofe, não se sabe por que !!! Não se sabe, também, mas dizem, as mais línguas, que o próximo casamento que deveria acontecer o Padre foi substituído, as pressas, por um outro sacerdote, devido exaustão que lhe acometia.
A exceção dos padrinhos e dos pais dos casados que enfileirados deram os parabéns ao casal, os demais convidados se dirigiram diretamente para o salão dos comes e bebes que em menos de meia hora nada mais havia no buffet de Dona Madalena pois tudo foi devorado pelos convidados. A maioria dos convidados deixaram o salão nem mesmo se despedindo do casal. A cerimônia do corte do bolo, teve que que ser antecipada devido ao receio dos pais da noiva de não ter mais convidados para celebrar. Mas, mesmo assim, a festa de casamento aconteceu e terminou com o casal, pais dos noivos e padrinhos felizes.
O que não se sabe até hoje é o que continha naquela carta que Eleninha a tinha dentro de seu vestido no dia do casamento e nem mesmo foi dito a Macedo, por mais que ele perguntasse.
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