VERA PINHEIRO
Vera é graduada em Jornalismo e Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e mora em Brasília/DF. Tem dois livros: “Parto de Mim” e “Coisa de Velho – Proibido para Menores de 60 Anos”, este pela Taba Cultural, e crônicas publicadas em diversas antologias literárias.
Há dias em que a saudade aflora, surge de repente, inesperada e sem querer, invade a mente, acorda as lembranças, desperta a memória do corpo e aciona os registros do prazer, do toque, do beijo, das
palavras e da confluência de desejos. Um grande amor a gente nunca esquece, não apaga, por maior e mais determinada que seja a intenção do esquecimento.
A consciência do desfecho infeliz de uma história de amor nos traz de volta à realidade, ao silêncio, à ausência, ao não querer do outro, que um dia foi tão amado, e talvez não seja menos amado agora, no presente, porque apenas está embalado na aceitação de que nada voltará ao estado anterior, quando estava ao nosso lado e trazia tanta felicidade ao cotidiano.
Saber que nada se repetirá e que nada será como dantes foi, nem com aquele nem com outro, nos coloca de frente com os fatos que atravessaram nossa alma como espadas afiadas, e faz jorrar lágrimas que não podemos conter ou que nos colocam em estado de prostração diante das evidências. Nós simplesmente nos rendemos aos fatos, nos damos por vencidos, e nos resta apenas acolher o ocorrido, mesmo que não concordemos com ele ou que soframos ainda por tudo o que se passou.
Enquanto vivenciamos alguma esperança de reencontro com a pessoa que tanto amamos um dia, nosso coração se ilumina, mas depois da certeza de que a situação é irreversível não há expectativas, há um enfrentamento da circunstância, por mais dolorosa e decepcionante que possa ser.
“Acabou para sempre” quer dizer um ponto final, por mais linda que tenha sido a história. Reconhecer o fim carrega nuvens de tristezas inevitáveis contra as quais lutamos, querendo ser mais fortes do que a dor da perda. Ainda assim, isso é bem melhor do que a ilusão, que faz a gente deixar de viver a totalidade da existência à espera de quem não virá e em sonhos que jamais serão verdade.
Há dias em que me lembro com enorme saudade de pessoas que amei muito e que parecem fantasmas a assombrar os meus dias. Não me desvencilhei delas como gostaria e como precisaria, mas decidi viver plenamente, apesar da saudade. Ter optado pela vida e não pela saudade me fez menos triste do que se tivesse erigido um templo em memória delas. Apenas preciso admitir que essas pessoas são inesquecíveis e que recordá-las dói, sim, mas isso não me impede de viver. Sinto enorme saudade delas, mas estou viva e com a coragem que me impede de sucumbir à frustração de não tê-las mais comigo.
Decidi ser feliz apesar de todas as ausências e perdas emocionais. Sem queixumes nem lamentos por partidas e despedidas, capturo aprendizados e, não importam as dores, jamais vou desistir do amor, que é a minha essência e inspiração para viver.
Vera é graduada em Jornalismo e Direito pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e mora em Brasília/DF. Tem dois livros: “Parto de Mim” e “Coisa de Velho – Proibido para Menores de 60 Anos”, este pela Taba Cultural, e crônicas publicadas em diversas antologias literárias.
SAUDADE
Há dias em que a saudade aflora, surge de repente, inesperada e sem querer, invade a mente, acorda as lembranças, desperta a memória do corpo e aciona os registros do prazer, do toque, do beijo, das
palavras e da confluência de desejos. Um grande amor a gente nunca esquece, não apaga, por maior e mais determinada que seja a intenção do esquecimento.
A consciência do desfecho infeliz de uma história de amor nos traz de volta à realidade, ao silêncio, à ausência, ao não querer do outro, que um dia foi tão amado, e talvez não seja menos amado agora, no presente, porque apenas está embalado na aceitação de que nada voltará ao estado anterior, quando estava ao nosso lado e trazia tanta felicidade ao cotidiano.
Saber que nada se repetirá e que nada será como dantes foi, nem com aquele nem com outro, nos coloca de frente com os fatos que atravessaram nossa alma como espadas afiadas, e faz jorrar lágrimas que não podemos conter ou que nos colocam em estado de prostração diante das evidências. Nós simplesmente nos rendemos aos fatos, nos damos por vencidos, e nos resta apenas acolher o ocorrido, mesmo que não concordemos com ele ou que soframos ainda por tudo o que se passou.
Enquanto vivenciamos alguma esperança de reencontro com a pessoa que tanto amamos um dia, nosso coração se ilumina, mas depois da certeza de que a situação é irreversível não há expectativas, há um enfrentamento da circunstância, por mais dolorosa e decepcionante que possa ser.
“Acabou para sempre” quer dizer um ponto final, por mais linda que tenha sido a história. Reconhecer o fim carrega nuvens de tristezas inevitáveis contra as quais lutamos, querendo ser mais fortes do que a dor da perda. Ainda assim, isso é bem melhor do que a ilusão, que faz a gente deixar de viver a totalidade da existência à espera de quem não virá e em sonhos que jamais serão verdade.
Há dias em que me lembro com enorme saudade de pessoas que amei muito e que parecem fantasmas a assombrar os meus dias. Não me desvencilhei delas como gostaria e como precisaria, mas decidi viver plenamente, apesar da saudade. Ter optado pela vida e não pela saudade me fez menos triste do que se tivesse erigido um templo em memória delas. Apenas preciso admitir que essas pessoas são inesquecíveis e que recordá-las dói, sim, mas isso não me impede de viver. Sinto enorme saudade delas, mas estou viva e com a coragem que me impede de sucumbir à frustração de não tê-las mais comigo.
Decidi ser feliz apesar de todas as ausências e perdas emocionais. Sem queixumes nem lamentos por partidas e despedidas, capturo aprendizados e, não importam as dores, jamais vou desistir do amor, que é a minha essência e inspiração para viver.
Espetacular. Parabéns.
ResponderExcluirGilnei, agradeço o carinho da leitura.Um abraço.
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