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ESPERANÇA DE DIAS MELHORES

REGINA MONIZ RIBEIRO
Engenheira Eletricista, Engenheira Sanitarista, Diploma de Estudos Aprofundados em Eletrotécnica pela Universidade de Paris VI, MsC em Sistemas de Gestão de Meio Ambiente, Menções Honrosas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Medalha da União Mexicana de Arquitetos e Engenheiros,
possui trabalhos publicados e projetos implantados
no Brasil e no exterior.

ESPERANÇA DE DIAS MELHORES

Em uma grande explosão de fogos de artifício, abraços, brindes e muitas comemorações, o ano de 2020 chegou nos trazendo esperanças de solidariedade, oportunidades e prosperidade. Porém, de uma forma muito discreta, quase imperceptível, este ano que se iniciava trouxe consigo um grande alerta à humanidade.
Este ano que, a princípio, parecia tão promissor, repentinamente revelou-se assustador, cruel, tão
doloroso para tantas pessoas, tantas famílias, independentemente da sua raça, cor, idade e condição social.
Este ano de 2020, logo ao seu início, nos obrigou a repensar, a rever tudo aquilo que até então consideramos importante para as nossas vidas. Um ano em que o nosso planeta foi assolado por uma pandemia que passou a sucumbir vidas progressivamente, fosse onde fosse!
Por certo que a história da humanidade desde os seus primórdios possui registros de eventos epidêmicos que causaram milhares, e até milhões de óbitos em diversas partes do mundo. Muitos de nós já ouvimos falar nos nossos lares ou nos bancos escolares sobre epidemias como a Peste  Bubônica, também conhecida como Peste Negra, que dizimou cidades inteiras; na Gripe Russa; na Gripe Espanhola, que a cerca de século dizimou um quarto da população mundial; na Gripe de Hong Kong, que também causou milhões de mortes; na Gripe Suína, bem parecida com a Gripe Espanhola;  e na Gripe Aviária, que causaram e ainda podem causar incontáveis números de mortes.
Mas o que seria esta nova pandemia causada pelo vírus Covid-19? Muitos de nós sequer conhecemos o significado desta palavra que passou a assustar os habitantes de cada moradia, de cada cidade, de cada país. Mas a busca por informações sobre este novo e temível vírus até então desconhecido, a sua origem, suas consequências, as prevenções sanitárias, imunológicas e sociais necessárias junto à população para evitar a sua expansão, e as possibilidades de cura passaram a se tornar não somente essenciais, porém a serem discutidas e acompanhadas diariamente por cada cidadão do nosso planeta.
Numa tentativa de conter a expansão da epidemia, as pessoas foram compelidas a se isolarem em seus lares, as escolas fecharam, assim como o comércio, as indústrias, os ambientes de entretenimento e religiosos. Quaisquer ambientes de trabalho, financeiros ou de lazer passaram a ser monitorados por medidas restritivas governamentais. Assim, a cada dia, o ano de 2020 passou se mostrar como um ano em que, mesmo a contragosto, tivemos que aceitar, a necessidade de mudarmos os nossos hábitos mais comuns, e de pararmos, nos desligarmos, nos colocarmos limites para não nos contaminarmos.
Em meio a todas as incertezas a que nos deparamos no combate a esta pandemia, começamos a perceber que as nossas vidas passaram a tomar um rumo jamais antes pensado, pois além das questões de saúde física, o isolamento social e financeiro que nos foram impostos também passaram a afetar diretamente o nosso emocional. Sim, porque tivemos que nos distanciar das pessoas que fazem parte no nosso dia-a-dia, das nossas famílias, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, enfim, das pessoas que nos são caras.
Tudo passou a ser risco, um abraço, um beijo, um simples aperto de mão. Deixamos de nos confraternizar, pelo menos, temporariamente. Os tradicionais almoços em família, as comemorações de aniversário, as cerimônias de bodas e de batismo, e congraçamento de amigos passaram a ser não recomendáveis para não causarem aglomerações presenciais e possíveis contaminações por esta pandemia. E até mesmo nos momento mais sofridos dos sepultamentos de entes queridos acometidos por este  mal tão assustador e que não conseguiram resistir, para o bem de todos, para o bem da saúde, nos vimos privados de lhes dar um último adeus. Tudo teve que ser deixado para trás, e tivemos que aprender a deixarmos de conviver presencialmente para vivermos uma realidade remota, virtual, até que a cura deste terrível mal fosse descoberta, fato que ainda não aconteceu.
E assim, os nossos dias de isolamento social vão passando, se tornando cada vez mais longos, mais arrastados. As horas de cada dia das nossas vidas, que anteriormente até pareciam insuficientes para darmos conta de todos os nossos compromissos, agora rendem mais, e passaram a ser ferramentas auxiliares para nos adaptarmos a tantas mudanças aos hábitos deste novo estilo de vida que nos foi imposto, para  refletirmos mais sobre os nossos antigos e novos comportamentos,  a lidarmos com as nossas fragilidades, a  olharmos mais para o nosso interior, a ouvirmos as nossas almas para entendermos o que nos faz bem, a nos respeitarmos, a nos conhecermos melhor, a mudarmos para melhor.
E neste momento de grandes mudanças, conseguimos perceber a importância das nossas famílias e amigos, muitas vezes afastados pelas circunstâncias da vida, e que através dessa situação de isolamento que nos foi imposta de forma tão repentina, passaram a ocupar um espaço decisivo ao nosso equilíbrio emocional, mesmo que seja por comunicação virtual.
Através de salas de bate-papos, de apresentações artísticas, de comemorações festivas, de demonstrações de solidariedade, mesmo que sejam virtuais, percebemos que mesmo isolados não estamos sós, e conseguimos superar as barreiras impostas por este momento de pandemia, que praticamente nos implora por união, amor, valorização das nossas famílias, amizades e, principalmente, das nossas vidas.
Assim, embora desejemos esquecer as angústias causadas por esta pandemia, só nos resta esperar que todo o aprendizado a que estamos sendo submetidos seja um propulsor de energia positiva e amor nas nossas vidas, e que nos ajude a trabalhar para que nos tornemos a verdadeira mudança de diamantes brutos em processo de lapidação em seres humanos melhores para nós mesmos e para os nossos semelhantes. Porque acima de todas as dificuldades, a vida é a nossa casa, e ainda nos resta a esperança de dias melhores.


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